Artigo | Movimento dos Atingidos por Barragens: 30 anos de luta e resistência
No próximo ano, o movimento completa 30 anos de fundação enquanto organização nacional
Por Luiz Dalla Costa
Este ano de 2020 foi um ano diferente: estamos vivendo uma pandemia; a última situação semelhante ocorreu faz mais de 100 anos com a Gripe Espanhola, em 1918.
A pandemia do coronavírus agravou a crise econômica e exigiu de todos uma dose ainda maior de cuidados e sacrifícios.

Nós ainda não vencemos a pandemia, e nem as crises econômica, ambiental e social que penalizam ainda mais os trabalhadores e os mais pobres. Neste caso, sabemos que a situação ainda é pior para mulheres, negros, indígenas e população LGBT.
As perspectivas econômicas mundiais são de baixo crescimento econômico. Mas, pior do que isso, é que vivemos no sistema capitalista que, mesmo quando a economia cresce ou retrai, a exploração sobre os trabalhadores continua com grande intensidade. Somente as lutas de grande parte do povo é que amenizam um pouco a situação e obrigam os capitalistas a concederem algo.
É ruim de dizer, mas a situação de exploração tende a aumentar ainda mais no próximo ano. Estão previstos aumentos nas tarifas de energia, água, privatização e tomada de territórios pelas empresas privadas. E no caso brasileiro, ainda há a previsão de que boa parte dos governos, em especial o governo federal, irão incentivar todas as formas de exploração contra o povo.
Os movimentos populares e as forças opositoras a este sistema estão em um período de resistência. E nos setores populares essa situação se agrava pela elevação da cultura individualista do chamado “empreendedorismo”, com crenças que acomodam o povo e não incentivam a luta, com falta de objetivos e estratégias transformadoras desta realidade.

No cenário internacional houveram algumas vitórias. Com a luta intensa do povo, em especial dos negros, Trump foi derrotado nos Estados Unidos. Com uma luta histórica, os bolivianos elegeram um presidente e derrotaram o golpe que haviam sofrido. O povo chileno se rebelou e agora irá construir uma nova constituição para o país. E ainda não sabemos ao certo como será este novo período em que a China tende a ser a maior potência econômica mundial.
Olhar horizontes mais longos, talvez, nos ajude a construir perspectivas mais ousadas, de longo prazo e com ações mais certeiras no curto prazo. Cada vez mais, é necessário fortalecer as lutas contra a exploração, com formação e educação de sujeitos que podem construir as mudanças com base na teoria revolucionária e organização consistente de força própria que enfrente decididamente este modo de produção e os capitalistas, que são os verdadeiros inimigos do povo.
Todos nós, atingidos e atingidas, estamos convidados a fazer parte desta luta transformadora.
Vida longa ao MAB! Águas para a vida!
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