Capítulo V – FUTEBOL SEM TEMPERO, MAS O PAÍS TEM GOSTO
SEGUNDA PARTE
::Capítulo V – Dívida
Depois da desculpa de Bigode, imaginei que o bicho ia pegar. Então perguntei, meio desesperado, o que havia acontecido.
Tião me explicou que Bigode foi buscar Cat Blake numa festa depois do jogo Brasil e Bélgica. Quando a pegou, já na volta, foi surpreendido por um ‘preiboi’, como ele mesmo diz, que estava com mania de perseguição pra cima dela.
O lance é que a Cat Blake, já doidona, estava deitada no banco de trás tentando dormir. O cara sabia que ela estava no táxi, por isso entrou na frente do táxi e o parou.
– O que eu não entendo, seu véio burro, é por que você parou a porra do carro? – disse Tião pro coroa. Com certeza Bigode também estava, por isso parou. Ele disse ainda que pensava se tratar de um assaltante, por isso deu uma de herói:
– A hora que o malandro parou o carro dele na frente do meu, já puxei meu revorve. Quando o mardito se aproximo, já esbugaiou o zóio de surpresa. Aí voceis sabe, né? Eu não amarelo. Quando ele viu que eu tava maquinado, só faltou rezar.
– Foi aí que eu acordei! Eles estavam gritando – emendou Cat Blake.
A sequência da ‘estória’ ou história é que Cat Blake saiu do carro e foi pra cima do cara. Disseram que o pau pegou.
Bigode explicou que perdeu o controle da situação. Ele só queria deixar Cat Blake dar umas porrada no tarado, mas eles acabaram se embolando no meio da rua. Foi uma gritaria e, enquanto o bicho pegava, Bigode ficou com a arma apontada pro cara.
A coisa mais incrível é que bem na hora passava por lá Tim e Tião. Quem apareceu também, depois de tanta bagunça e gritaria, foi a polícia.
– Se a gente não chega, vocês tavam era fodidos! – disse Tim pro Bigode. – Vixi! Se ia – respondeu ele.
No fim Tião arcou com a bagunça. Molhou a mão de todo mundo, negociou com a polícia e mandou prender o tarado. Antes, obviamente, Tim espancou o cara no meio da rua.
– Só não entendi como vocês estavam no local? – perguntei pro Tião.
– Porra, Zaca, sei lá mano. Saímos daqui e fomos pro rolê depois do jogo. Aí vimos uma briga e paramos pra ver. Do nada era o Bigode e a Cat – Tião a chama com intimidade. Achei estranho.
Coincidências acontecem, realmente, mas a história estava estranha.
Bigode, cabisbaixo, diz:
– Porra, num tenho como te pagá, Tião.
– Soltou muita grana? – perguntei.
– Compro us homi, sabe como é. I tem outra, os homi tão na cola do meu táxi – disse Bigode.
– Também tão ligado no nosso carro – disse Tim.
– Então, Zaca, tá vendo a situação? Do nada tivemos que desembolsar uma puta grana pros homi. Sem contar que viram nosso carro e também sacaram que temos dinheiro. Certeza que vão botar P2 na área. Vai ficar tenso, entende? – disse Tião.
– Entendo. Mas qual vai ser a parada?
– A parada é a seguinte: vai ter que ter mudança aqui no bar, apesar de saber que você não quer, não tem escolha. O negócio vai ser encher teu bar de telão, começar a passar tudo quanto é jogo de futebol e gerar movimento. Eu o Tim arcamos com a porra toda e também vamos gerenciar os serviços extras aqui na área. Vamos investir nessa espelunca. Mas aí, malandro, tem que passar o máximo de jogo possível. Reprisar se tiver que reprisar e fazer a grana rolar. Se quiser, dá até pra meter uma jogatina lá nos fundos do boteco. Lógico, você vai receber o seu, pode ter certeza.
Depois de uma pausa. Tião olhou pra mim e foi direto ao ponto:
– E aí, o que achou da ideia?
Por Jornaldo
Leia Capítulo IV.
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