Globo interrompe conversa sobre Massacre do dia 29 de abril no BBB16
Apesar da insistência do participante Ronan, do Paraná, o assunto foi subitamente encerrado.
Por Manoel Ramires
Terra Sem Males
Um dos fatos mais marcantes de 2015 foi abordado por acaso no BBB16. O participante Ronan, do Paraná, estava reunido no quarto com outros integrantes do reality show quando começou a descrever o Massacre do dia 29 de Abril, conhecido como Batalha do Centro Cívico. “No dia 29 de abril eles vacilaram. Eles bateram nos professores”, explica o estudante de filosofia.
Contudo, o diálogo teve seu áudio cortado por 45 segundos. Neste tempo, parece que os brothers recebiam orientações da direção do programa, não podendo confirmar quais eram, pois o áudio não vazou.
Visivelmente contrariado, Ronan retomou a conversa, deixando claro que o governador (Carlos Alberto Richa) era responsável pelo massacre. Para ele, isso ocorreu por ordem ou por omissão do governador: “Deixa eu ser bem claro nisso. O governador é um cara poderoso. (Mas) a culpa é dele. Ou porque mandou fazer ou por omissão. Ele não pode dizer que não sabia, principalmente sendo tão relevante quanto foi”, insistiu.
Novamente, o áudio dos participantes é interrompido. Só que desta vez, após alguma orientação, as quatro pessoas deixam o quarto, encerrando o assunto abruptamente. O professor Paixão, integrante do Conselho Estadual da APP-Sindicato, lamenta a interrupção da conversa. “Infelizmente, no momento em que os participantes discutiam a responsabilidade do governador pelo massacre ocorrido contra os professores o áudio é cortado, e a conversa é encerrada de forma abrupta. Ao final do vídeo percebe-se a mudança de semblante dos participantes que foram orientados a suspender o debate”, observa.
Repercussão
O vídeo foi captado na transmissão ao vivo do canal Multishow, da Globo, e circula pelas redes sociais. O registro ocorreu no último dia 15 e coincide com a época da primeira ocupação da Assembleia Legislativa do Paraná. A versão do brother também contradiz o relatório do MP Paranaense produzido pelo promotor Misael Duarte Pimenta. Ele nega abuso da violência e considerou a ação da PM exemplar.
Já para Paixão, mesmo com o corte no debate, a ação do paranaense Ronan foi extremamente positiva. “É algo inusitado. Primeiro pela linha editorial da Rede Globo, e segundo, no momento, em que um Procurador Militar solicita o arquivamento do processo que apura responsabilidades na ação violenta da polícia. Que bom, que o participante Ronan, jovem negro paranaense teve a coragem de puxar o tema que revoltou todo o país”, analisa.
Pingback: As 10 matérias mais lidas que foram produzidas pelo Terra Sem Males em fevereiro – Terra Sem Males